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29 de julho de 2012

Resenha #17 - A Prostituta errante - Iny Lorentz


A PROSTITUTA ERRANTE
Autor: Iny Lorentz
Título original: Die Wanderhure
Tradutor: Jess Lehman e Patrícia Lehman
Editora: Suma de Letras
Data: 2007
Número de páginas: 494 p.
ISBN: 978-85-60280-08-7

SINOPSE
Alemanha, 1410. Marie, filha do burguês mais rico da cidade de Constança, está às vésperas de se casar com um influente advogado, de família nobre. Ainda que o compromisso esteja enchendo seu pai de orgulho, Marie não tem certeza se confia na integridade do prometido, que só viu duas vezes.

Seu receio se confirma dramaticamente na noite anterior à cerimônia, quando, logo após a assinatura do acordo nupcial, um desconhecido adentra a casa da família e acusa Marie de dormir com diversos homens em troca de dinheiro e presentes, como uma meretriz barata.

A partir desse momento, a vida da jovem sofre uma guinada radical. Sozinha, arruinada e com a reputação destruída, ela será obrigada a se unir a uma prostituta e abraçar a vida nômade das rameiras errantes, mulheres que viajam pelo país atrás de clientes.

Apesar da desonra e da humilhação, a nova realidade de Marie vai trazer-lhe ajuda e força para se vingar de quem a desonrou.


COMENTÁRIOS
É na Alemanha medieval, a partir de 1410, que conhecemos a história da jovem Marie Schärer. Com apenas 17 anos e às vésperas de seu casamento com um pretendente rico e bem sucedido, Marie tem muitas dúvidas pois sempre sonhou com um casamento por amor.

"Entretanto a insegurança ia tomando conta dela, pois como poderia ela alegrar-se quando um homem do mundo como Ruppertus Splendidus, que frequentava o mesmo ambiente de membros de conselhos e da hierarquia eclesiástica, desposava-a em função do dote?" p. 10

E ela tem bons motivos para desconfiar, a começar pelo caráter de seu noivo o Magistrado Ruppertus Splendidus. Em pouco tempo a moça se vê enredada em uma teia de mentiras e acusações que mudam completamente sua vida. Acusada do pior tipo de traição para a época, comparada a uma meretriz que se vende a qualquer um que aparece, Marie é humilhada, julgada e condenada.

"Ela não compreendia a reviravolta de seu destino e procurava, desesperadamente, um apoio. Seu pai parecia não se incomodar com sua aflição, já que não tirava os olhos do chão enquanto murmurava palavras incompreensíveis." p. 32

Na prisão ela passa por violações e seu desespero transforma-se em um ódio profundo e é dai que ela tira sua força. Sem qualquer chance de se defender ou provar sua inocência, Marie é chicoteada e expulsa de Constança, a cidade onde nasceu.

"O choque de ver os familiares abandonarem-na ao seu destino reabriu as comportas para suas dores e sua desgraça, que uma mão misericordiosa havia mantido temporariamente fechadas. O sol queimava sem dó e sua língua grudava no céu da boca do mesmo modo que a túnica na sua pele dilacerada." p. 60

Em sua jornada ela encontra Hiltrud, uma prostituta errante, que cuida de seus ferimentos e lhe oferece abrigo. Sem ter como se manter e mesmo assombrada com o pensamento de se juntar a caravana de mulheres da vida, Marie que não tem alternativa.

"Marie olhou, horrorizada, para a cor amarela, com a qual as prostitutas mostravam ao mundo a profissão vergonhosa que tinham, e começou a chorar. Se pudesse, arrancaria o tecido do corpo, mas ela não tinha com o que cobrir a nudez. Agora, todos que olhassem para ela veriam apenas uma pecadora, cujo destino eram os abismos do inferno." p. 98

Profundamente ferida, magoada e injustiçada Marie tem um único propósito na vida: vingar-se de todos que contribuíram para sua ruína. De início ela segue o grupo de mulheres apenas como acompanhante, mas aos poucos percebe que para atingir seu objetivo será preciso muito esforço e dinheiro. Então ela decide encarar a vida de prostituta errante e o faz com maestria. Destacando-se por sua incrível beleza e inteligência, ela logo chama atenção dos melhores clientes e aos poucos muda a rotina do seu grupo.

Passam-se três anos e a amargura ainda corrói a alma de Marie. Ela usa todos os momentos livres para planejar a vingança e obter informações sobre a cidade de Constança. Nem a profunda amizade que desponta entre ela e Hiltrud consegue aplacar sua dor.

"– Tão pensativa... (...) – Você está pensando no passado de novo?
Marie laçou um olhar cheio de raiva para Hiltrud.
– Se não posso nem ficar imaginando como minha vingança atingiria aquele canalha e seus ajudantes, então não vale a pena viver essa vida desgraçada." p. 147

A vida não sorriu para Marie e mesmo assim ela perdeu uma certa inocência que transparece em suas falas e ainda acredita que a dignidade e verdade vão prevalecer.
Em um contexto histórico marcado por disputas pelo poder, batalhas e assassinatos são comuns. Para cumprir sua vingança a moça vai enfrentar armações, passar por muitos contratempos e descobrir que não há limites para a ambição e lascívia humana.

A Prostituta errante é uma história intensa e comovente, que descreve com pormenores a vida de mulheres estigmatizadas que não tiveram outra escolha a não ser enfrentar o mundo como párias para sobreviver.

A narrativa é complexa e rica, principalmente nos detalhes da vida da época e no referencial histórico. Lendo temos a impressão de estar participando ativamente do texto; enquanto mulher é quase como viver em uma época sem termos direito algum.

Mesmo com um texto longo e bem descritivo, a leitura flui de maneira rápida e agradável. É um livro imperdível, recheado de emoções e com um desfecho que torna a história ainda mais brilhante.

4 comentários:

  1. Interessante o livro, realmente não conhecia, tem uma narrativa bastante atraente.

    Amiga muito obrigada pela dica!!!

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  2. Uuau... romances históricos são o meu fraco cara Monique, você bem sabe. Já me deparei inúmeras vezes com este, mas como não havia muito a respeito do livro resolvi passar. Mas depois desta resenha e destas palavras: "A narrativa é complexa e rica, principalmente nos detalhes da vida da época..." é claro que terei que ler rapidinho. Valeu a dica!

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  3. Olá :)
    Muito boa a resenha. Parece ser um livro bacana, mas não me interessou tanto :/ Mas enfim, se um dia surgir uma oportunidade, quem sabe eu leia.

    Beijos, Vanessa.
    This Adorable Thing

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  4. Gostei da resenha e da dica. Não conhecia o livro, porém a idéia central e o tema parecem bem atraente... Leria com certeza...

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